Prezados professores,
Gostaríamos de compartilhar uma importante descoberta científica que certamente vai despertar o seu interesse. Trata-se da ocorrência da espécie Kallstroemia tribuloides (Mart.) Steud. – popularmente conhecida como rabo-de-calango – no Rio de Janeiro. Essa planta, nativa da Caatinga, levanta questionamentos sobre uma possível invasão biológica em curso. No Brasil, já enfrentamos casos emblemáticos de espécies invasoras, como o javali (Sus scrofa), o mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) e o coral-sol (Tubastraea spp.). Você já ouviu algo sobre elas?

A ciência tem enfatizado a importância da identificação de espécies exóticas com potencial invasor antes que se espalhem pela paisagem em larga escala. Isso é fundamental para o sucesso do monitoramento e controle do processo de invasão biológica. De acordo com especialistas, as espécies não nativas são consideradas invasoras quando estabelecem populações autossuficientes, aumentam sua densidade populacional ao longo do tempo e se dispersam para longe de seu local de introdução. A invasão biológica pode causar impactos significativos nas comunidades nativas e no funcionamento dos ecossistemas, além de acarretar prejuízos socioeconômicos.
A K. tribuloides é encontrada em países da América do Sul, incluindo Argentina, Bolívia e Brasil. No Brasil, sua distribuição parece ser restrita ao Bioma Caatinga. Essa planta é adaptada a ambientes ensolarados, prefere solos arenosos e mostra-se oportunista em áreas degradadas. Pertencente à família Zygophyllaceae, a espécie compartilha adaptações morfológicas, anatômicas e fisiológicas para enfrentar condições extremas, como déficit hídrico, seca, insolação e altas temperaturas.
Em março de 2023, indivíduos de K. tribuloides foram identificados em Saquarema, Rio de Janeiro. É importante ressaltar que existem apenas dois registros anteriores da espécie fora da Região Nordeste: um no Espírito Santo (coletado em 1972) e outro no Rio de Janeiro (coletado em 1877), ainda no Período Imperial, da autoria do botânico Auguste François Marie Glaziou.
Essa descoberta oferece uma excelente oportunidade para que professores e alunos explorem a temática da biodiversidade, a adaptação das espécies a diferentes ambientes e os possíveis impactos da bioinvasão. Incentivamos vocês, educadores, a utilizarem esse exemplo como uma oportunidade de ensino, engajando os alunos em atividades práticas, como coletas e análises de espécies vegetais em seus respectivos ambientes.
Texto : Alex Iacone
Para refletir (Deixe a sua resposta nos comentários): E você, o que costuma fazer quando encontra uma espécie que nunca viu antes? Como podemos estimular a curiosidade e o olhar dos educandos para a biodiversidade?
Fontes/Para saber mais
Material botânico (exsicata) coletado em 1887 por Auguste François Marie Glaziou: https://science.mnhn.fr/institution/mnhn/collection/p/item/p03192077
Matéria da revista Ciência Hoje das Crianças sobre o coral-sol: https://chc.org.br/artigo/de-onde-voce-vem/
Reportagem do Jornal da USP sobre o tema Invasão Biológica: https://jornal.usp.br/atualidades/invasao-biologica-um-problema-crescente-que-coloca-especies-nativas-em-risco/
Site do Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação (LEIMAC) da Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil: https://leimac.sites.ufsc.br/
Materiais para sala de aula
Série sobre invasões biológicas (LEIMAC/UFSC): https://www.youtube.com/watch?v=b7Du6X–NIU
Experimentoteca – Prensa para flores e folhas (como fazer exsicatas para herbário): https://www.youtube.com/watch?v=reuCBWSlAEU
Gibi “A invasão do coral-sol”: https://www.brbio.org.br/wp-content/uploads/2019/02/GIBI-CoralSol-A5.pdf
Plataforma para registro e identificação da biodiversidade: https://www.inaturalist.org/