
No dia 1º de julho, a vacina BCG (Bacilo Calmette-Guérin), proteção contra a tuberculose, completou 102 anos. No entanto, não há muito a comemorar. Segundo dados do projeto Observa Infância, parceria da Fiocruz com o Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), a taxa de cobertura entre os bebês de zero a um ano caiu de 100%, em 2011, para 82% em 2022. Vale lembrar que, segundo o Ministério da Saúde, a BCG deve ser aplicada até os 4 anos de idade.
E mais: infelizmente, a situação se repete, com as crianças, com outras vacinas e em outros países. Segundo o relatório publicado em abril de 2023 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), uma em cada cinco crianças no mundo nunca foi vacinada ou não recebeu as vacinas de que precisa. Em termos numéricos, é o equivalente a 67 milhões de crianças sem proteção vacinal, o pior resultado desde 2008.
De acordo com as duas organizações, as consequências da pandemia de Covid-19 foram “catastróficas para a imunização infantil”: o mundo perdeu, em três anos, mais de uma década de avanços relacionados à vacinação. Com a baixa cobertura, doenças já controladas ou até mesmo erradicadas voltam a preocupar as autoridades sanitárias. No Brasil, por exemplo, o processo está em curso com o sarampo e os pesquisadores vêm alertando para o risco da volta da poliomielite, pelo mesmo motivo.

Vacinação infantil: um problema de gente grande
Quando se trata da vacinação de crianças, abordamos, indiretamente, o comportamento dos adultos responsáveis por elas. Em nosso país, as causas da chamada hesitação vacinal vão desde problemas estruturais como o horário de funcionamento dos postos de saúde ou a logística de distribuição das vacinas até as fake news sobre os imunizantes.

Em pesquisa realizada no Labdec no ano passado sobre o conteúdo das fake news relativas à vacina contra a Covid-19 para crianças de outubro de 2021 a janeiro de 2022, observamos que a maioria dos textos associava a vacina à morte, a sintomas da doença ou até mesmo à internação hospitalar. Que responsáveis gostariam de submeter uma criança ao sofrimento e ao risco de morte?
Como soluções para estes problemas, os autores do relatório do Unicef propõem estratégias em quatro eixos: garantir a vacinação para todas as crianças em todo o mundo, reforçar a confiança na vacinação, investir em imunização e saúde e estabelecer sistemas de saúde resilientes.
Entre as ações já iniciadas, está a Agenda de Imunização 2030, lançada pela ONU em abril de 2021. O projeto engloba a vacinação ao longo de toda a vida e, segundo a OMS, se totalmente implementado, deve evitar cerca de 50 milhões de mortes no período.
Para refletir (Deixe a sua resposta nos comentários): E nós, o que podemos fazer para ajudar a reverter a situação? Como abordar a importância da vacinação em sala de aula?
Imagens: Pixabay
Fernanda Veneu
Fontes/Para saber mais
Redução da taxa de cobertura da BCG no Brasil.
Relatório Estado Mundial da Infância 2023, do Unicef.
Risco de volta da poliomielite.
Vacinas para a infância no Brasil.
Calendário nacional de vacinação do Brasil.
Materiais para sala de aula
Sugestão de filmes/vídeos
Roteiro de discussão para o filme “Eu sou a lenda”.
Vídeo do Instituto Butantan sobre a história das vacinas.
Vídeo da Turma da Mônica sobre a vacina da gripe.
Vídeos da campanha “A importância da vacinação”, do Instituto Butantan.
Cartilha contra fake news, de Luiz Alberto de Souza Filho e Débora de Aguiar Lage.
História e importância da vacinação
Tuberculose no Brasil